sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

R-E-VOLUÇÃO

200.000 anos separam a estimada data do surgimento do homem moderno dos dias atuais, um extenso período. Porém depois de tanto tempo e tanta "evolução" parece que estamos regredindo na linha evolutiva. Será que Darwin se equivocou?

Atualmente nos julgamos Homo sapiens sapiens, ou Homem sábio sábio, o problema é que a teoria do homem duas vezes sábio não anda acompanhando a prática e, sinceramente, poderíamos classificar uma boa parte da humanidade como "homens-das-cavernas" que sabem apenas lutar e quebrar pedras, sem ofender, é claro, aos nossos ancestrais.

Em uma época em que se mata por uma fechada no trânsito e filhos roubam os pais, dizer que nossa espécie evoluiu parece ironia, e na verdade é. O ser humano investe cada vez mais em armas, e a história está de prova. Disso tiramos uma questão: Estamos evoluindo, regredindo ou revolucionando a espécie humana?

O grande cientista e naturalista britânico Charles Darwin involuntáriamente já havia nos avisado: só os indivíduos aptos sobrevivem ao meio em que vivem. Chegamos ao ponto principal, nosso meio. Vivemos tão insaciáveis por praticidade e conforto que deixamos de lado qualquer atividade que exercite nossa mente e nosso corpo, mesmo que seja o simples fato de fazer uma conta de cabeça. Desse modo aconteceu o que Darwin poderia ter previsto: não havendo meio, não há evolução. E se formos um pouco mais fundo e consultarmos Lamarck, outro naturalista desta vez francês, e observarmos sua lei do uso e desuso, a encaixaremos perfeitamente no momento em que vivemos. Parando de pensar, nossa mente para de evoluir.

Não que a evolução tecnológica (ou o que chamo de e-volução) não seja boa, ao contrário é excelente e, nesse momento, vital. O fato é que poucas pessoas sabem utilizar-se da tecnologia sem perder sua inteligência para esta e, os poucos que a sabem usar, lenta e gradualmente estão se entregando ao vício da praticidade.

Sabemos bem que a fonte de uma sociedade justa (e talvez utópica por minha parte) é a educação, que parece regredir tanto quanto nós mesmos. A educação mundial ainda não é das melhores e nos países menos evoluídos ainda está longe do que se pode julgar como boa. Essa poderia ser mais uma dica, aliás escancarada, das consequências do desuso da mente humana. Cabe lembrar que sem estudo crianças e adultos, devido ao desemprego e falta de oportunidades, são marginalizados. O mundo de praticidade e tecnologia que nos dá tanto conforto também exige demasiado muito para nós, uma vez que não consigamos acompanhá-lo em sua distinta evolução.

Somando-se tantos fatores, que aliás são interligados, só poderíamos obter o que temos hoje: uma sociedade repleta de crimes, impunidade, corrupção e outros inúmeros males. Voltamos ao tempo das cavernas em que a lei da sobrevivência é a que rege, vivemos no "cada um por sí" e nos encontramos perdidos diante destas situações. Estamos regredindo então? Talvez. Podemos estar "apenas" iniciando uma revolução em nosso modo de vida, um caminho perigoso e talvez sem volta rumo a uma idiocracia, como é mostrado no filme de mesmo nome.

Até aqui poderíamos pensar que apenas regredimos, porém felizmente demos grandes passos. Grandes cientistas fizeram geniosas descobertas, a medicina evoluiu e evolui a passos largos e o mundo tomou as dores das alterações climáticas. Ainda há esperança. Porém, talvez esta não seja a hora de nos auto-denominarmos duplamente sábios, pois tudo isso mostra que ainda temos muito o que aprender.
Thiago Antonio Varanda

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