Democracia! Pode não ser a palavra da vez, mas sempre está na moda. Em seu curso sobre a terra o ser humano sempre buscou por liberdade. Liberdade para ir e vir, liberdade para escolher o que quer e o que não quer e, hoje, liberdade para decidir quem vai comandar ou não a sua nação. E mesmo que tarde, o sentimento da liberdade aflora e quando esse sentimento é nutrido e toma força popular, nada mais o segura, nem mesmo uma ditadura clássica como a do Egito.
Após 30 anos de uma quase monarquia, Hosni Mubarak, agora ex-ditador do Egito, não conseguiu controlar a explosão popular e renunciou ao cargo. Algumas manobras de Mubarak, como oferecer seu cargo ao vice-presidente e optar por não concorrer a outro mandato, não foram sufucientes para acalmar a população egípcia. Até mesmo seu filho Gamal Mubarak, suposto sucessor de Hosni, abandonou o partido do pai (PND) após a crise explodir.
Entretanto, mais de 20 países ainda continuam sob governos longinquos. Porém como a esperança é a última que morre, a queda de Mubarak pode ser vista como a queda da segunda peça de uma sequência de dominós em pé. Com a primeira pedra sendo a Tunísia.
Tudo parece estar bem agora, não é? Não?
Pois é, para os Estados Unidos a renúncia de Mubarak pode ser uma bela de uma pedra no sapato.
Estados Unidos e Egito mantinham uma excelente aliança, sob o ponto de vista norte-americano. Dentre os países do Oriente Médio, o Egito é o país que mais recebe ajuda direta dos EUA, algo em torno de 2 blilhões de dólares por ano. E isso não é por acaso. O Egito tem boas reservas de petróleo, é um país rico na região e está situado muito próximo a áreas de conflito no Oriente Médio. Mas o maior medo ocidental em perder o controle sobre o país vem de outro protegido dos EUA, Israel. No oriente médio, Egito e Jordânia são os únicos países a manter tratados de paz com Israel e um novo governo egípcio poderia por fim a esse acordo. Mas os problemas dos Estados Unidos não acabam por aí, a eleição de um membro opositor ao governo anteriormente orquestrado pelos norte-americanos poderia significar o rompimentos de laços entre Egito e Estados Unidos.
Diante de tantos problemas os Estados Unidos decidiu adotar uma posição neutra. Não dá para simplesmente fazer como o enviado especial dos EUA no Egito, Frank Wisner, e defender a permanência do ditador no cargo. Como também não pode esfaquear pelas costas sua fiel marionete Hosni Mubarak. Diante do impasse, o governo norte-americano deixa os problemas do Egito para os egípcios resolverem.
De certo modo a neutralidade dos EUA era vantajosa para Mubarak, já que não poderia ir contra a superpotência que tanto financiou os gastos do governo egípcio caso ela se declarasse contra o regime. Porém Mubarak deu um tiro no pé após frear a imprensa (diga-se de passagem andamos vendo muito isso, o direito da livre imprensa sendo soberano). Repórteres de diversos países eram ou impedidos de gravar ou recolhidos pelas forças de segurança egípcias, incluindo profissionais norte-americanos. Diante de tais fatos, aliados à pressão política internacional e a adesão das redes sociais e empresas do ramo, não havia mais como os Estados Unidos manterem a imparcialidade e passaram então a se opor, mesmo que indiretamente, a ditadura Egípcia.
Falando em redes sociais, o grande sucesso dos movimentos populares se deve a dois fatores: primeiro às redes sociais que abriram espaço para as convocações de manifestação e mesmo quando fechadas no Egito encontraram um meio de burlar essas barreiras e ainda atuar no país. Segundo a força de vontade Egípcia, pois em muitos momentos era preciso pensar em coletivo. Não havia como espalhar tantas convocações a população egípcia, mas mesmo assim, como se pensassem igual, todos acabavam indo para as manifestações, muitos em pequenos grupos que ao chegar no local determinado formavam uma imensa multidão.
Fonte: http://blogdoitarcio.blogspot.com/
O fato é que os 30 anos de Mubarak no poder não foram páreos para os 18 dias de protestos no Egito. As mídias e as tecnologias aliadas à força popular colocaram fim ao antiquado regime ditatorial no país. O povo mostrou a que veio e não desistiu, apesar dos contra-protestos feitos às escuras pelo governo do país. Graças a perceverança dos egípcios o mundo viu que é possível sim sair de uma ditadura enraizada e fez surgir uma nona luz sobre o oriente médio. A luz da democracia.
Peço agora licença à dissertação, mas devo dizer que espero que a luta do povo egípcio traga bons resultados ao país e à região. Não adianta tanta luta se acabarmos lutando contra nossos vizinhos. Certamente a garra dos egípcios vai ser gravada nos próximos capítulos dos livros de história e tomara que acompanhada de muita democracia, liberdade e paz.
CONTRAPARTIDA RECOMENDA
Se você deseja entender tudo sobre a série de conflitos envolvendo o Egito acesse esta página do portal de notícias do G1, onde você encontrará um belo resumo de todo esse conflito.
http://g1.globo.com/crise-no-egito/noticia/2011/02/entenda-crise-no-egito.html
Se você deseja um artigo completo e com opinião, acesse esta página onde você encontrará uma descrição aprofundada sobre os conflitos no Egito.
http://www.contee.org.br/noticias/artigos/art587.asp